Temos vivido recentemente no Brasil momentos de comoção geral. Situações que têm gerado debates em diversos níveis, que em alguns momentos causam dor coletiva, em outros motivam ações, tanto positivas quanto negativas. Mas quem será o verdadeiro responsável por tudo isso?
Situações como o caso Eloá, acompanhado nos canais de TV como fosse uma novela, em que as pessoas torcem e se apegam aos "personagens". O que pudemos notar é que além da comoção nacional, houve um aumento na incidência de crimes e delitos do tipo, como uma impregnação contagiosa. Mas porque isso? Quantos desses casos já haviam acontecido antes? A menina Isabela jogada do prédio, entre outros que mereceram destaque. Qual a sua verdadeira opinião acerca desses acontecimentos?
Temos acompanhado a tragédia em Santa Catarina, em que foram registradas mais de 100 mortes, tendo atingido mais de 1,5 milhões de pessoas. Realmente uma calamidade que demandaria um esforço conjunto para assistência a tantas famílias que perderam tudo. Mais uma vez a nação se comoveu com as histórias isoladas que são contadas na TV qual se fossem filmes, e tem sido incrível a quantidade de doações arrecadadas em todos os estados do Brasil. Em Salvador, por exemplo, nota-se que não só o rico, mas enfatizo, principalmente o pobre, se mobilizou e se doou literalmente para amenizar o sofrimento do próximo. Digo, mesmo quem não tem parentes por lá. Mesmo quem nem conhece o estado de SC. Não estou aqui condenando o auxílio nacional, pelo contrário. Nesses momentos me orgulho de ser brasileiro, por perceber que esse nosso povo tem de verdade solidariedade no coração. Mas não é esse o ponto central desse texto. Quero destacar a capacidade de mobilização potencializada pela mídia, que sem dúvida é a principal responsável pela ação. Apesar de que, muitos ícones das televisões e do empresariado têm aproveitado para aparecer. Você questionou isso em algum momento? Porque realmente você doou dinheiro, roupas ou alimentos?
Discussões acerca da crise financeira internacional, em que a todo momento são divulgados números em tom amedrontado. A mídia aterroriza a população com informações que ela não entende, fazendo-a crer que o pior está por vir. Como um terremoto ou uma Tsunami. Detalhe que faz com que, mesmo os que acham que sabem, fiquem paranóicos e reféns de uma prática sensacionalista. Você consegue perceber a realidade dessa crise?
A exemplo do que tem acontecido com as bolsas de valores, a histeria, o medo, a incerteza faz com que o cenário fique pior do que está ou que poderia ser. A ressonância de uma informação negativa, mesmo que não comprovada, faz com que por proteção ou cautela os investidores mais conservadores vendam os seus papéis. E o excesso de gente querendo vender, sem ninguém com interesse em comprar faz com que as ações das empresas passem a valer menos do que fisicamente realmente valem.
Não precisa ser um especialista em economia pra saber que quando algúem perde no mercado, outra pessoa ganha (sempre). Portanto, o que é crise pra uns, é lucro pra outros.
O mesmo acaba acontecendo com o cidadão comum. Desencorajado por especialistas a consumir, pela eminência da crise chegar ao Brasil. Ficamos atônitos, amedrontados, desconfiados. Primeiro pensamento. Esse mês não vou comprar leite e nem aquelas roupas que havia planejado. Com essa crise aí...
Continuo não precisando ser exper em economia pra saber que é exatamente essa prática, de não comprar, que trava as engrenagens de qualquer economia. Se a população não compra, significa que as empresas vão vender muito menos. Vendendo menos vão faturar menos e serão obrigadas a reduzir produção, dar férias coletivas, reduzir quadro, contrair empréstimos, etc. Os demitidos por sua vez, perdendo renda, passarão a comprar menos e isso vira uma bola de neve.
Sem entrar muito mais no aspécto técnico econômico, queria convocar as pessoas a comparar o que ouvem na mídia e o que vivenciam na prática. É certo que existe crise e que de alguma forma haverá algum impacto no Brasil, em alguns setores pontuais as consequências serão bem maiores, mais em todo o resto, haverá um sistema de compensação que protegerá a nossa economia, (já falava Keynes) principalmente porque o nosso governo parece estar atento.
Pensemos que muitos dos nossos que iam viajar para o exterior tenham desistido, por conta da alta expressiva do dólar. Estes obviamente aproveitarão para fazer o seu turismo pelo próprio Brasil, o que está muito mais atrativo. Empresas de transporte, restaurantes e hotéis devem se preparar para o aumento na demanda, porque a esses se integram os extrangeiros que aproveitarão a baixa do Real. Esse é apenas um exemplo da contra partida.
Dizem que o crédito está excasso. Mas tenho visto nas propagandas as concessionárias abaixando o preço dos veículos e as taxas, facilitando condições. Acredito que esta é a hora do consumidor inteligente. Aquele que vinha poupando com algum objetivo. Hora certa pra barganha.
Trocando em miúdos, tenho realmente um verdadeiro pavor acerca do poder de manipulação de massa que possui a mídia. Devemos sempre lembrar que uma informação pode ter múltiplos aspectos, e que só a capacidade de filtrá-la, criticá-la, analisá-la pode nos salvar da inércia.
Porém, essa interferência na informação depende de conhecimento prévio, leitura e curiosidade. Infelizmente carência da gande massa brasileira. E enquanto a educação no nosso país não se resolve, continuaremos a ver as demonstrações de poder dos meios de comunicação. Horas nos convocando a ações, outras nos mandando comprar, outras nos mandando poupar, doar, casar, descasar, etc.
Emitir uma opinião sem no mínimo ter a capacidade de analisar uma boa parte das variáveis ali embutidas é no mínimo arriscado. E olha que está vindo por aí, para a Bahia, a TV Digital, aonde as pessoas poderão assistir TV no próprio celular (entre outros), e de graça.
Hoje, em relação a dez anos atrás, o poder de disseminação de informações aumentou exponencialmente, e com isso, com esse aumento de velocidade e de alcance, aumenta também o poder de quem a manipula. Portanto lembre-se sempre que o mais importante de um texto é o que não está escrito. O mais importante de uma notícia é o que não foi informado. Procure sempre mais de uma fonte de informação. Converse com quem entenda da pauta. Isso não salva ninguém, mas ameniza os riscos.
E entre filmes, modelos, reality shows, seriados, novelas, comerciais apresentados por celebridades, notícias... Entre uma troca de canal ou outra fico pensando: Quem realmente está com o "controle remoto" nas mãos?